Tudo isto, e o céu também
Conheci dezenas de países. Tenho quatro passaportes cheios de carimbos, uma estante repleta de guias de viagens e um armário com recordações. De todas as vezes, regressava a casa de mãos vazias. No ano seguinte, recomeçava. Planeava cuidadosamente o itinerário, pesquisava, entusiasmado, os locais possíveis de te encontrar. Seria dessa vez, dizia para mim, seria num museu no Cairo, numa ponte sobre o Sena, numa esplanada de um bar em Nova Iorque, num jardim em Tóquio. Estarias sentado sob uma cerejeira e lerias o jornal vespertino.
Conheci-te na cidade onde vivo, num pequeno livro de poemas comprado numa feira de livros usados. Amei-te ao primeiro verso. Pesquisei o teu nome na internet, fui dar com o teu blogue, enviei-te uma mensagem e, duas semanas depois, estávamos frente a frente no aeroporto do teu país. Poisei a mala e suspirei de alívio. Estavas ali, finalmente.
Guardo o momento em que te vi e me encontrei. Um gigante de olhos verdes e enormes braços que me abraçou longamente. A primeira noite de amor e um poema que eu sabia de cor sussurrado ao teu ouvido. As tuas lágrimas, uma dedicatória no livro, um beijo apaixonado e o café da manhã na varanda do hotel.
Guardo tudo isto, e o céu também. Nesta noite estrelada, um cometa rasa o infinito. Vejo-te a sorrir, firmemente agarrado à poeira cósmica. Acenas. Regresso ao teu livro de poemas. Choro baixinho, recordando o momento em que te encontrei e te perdi.
Já disse tudo, verdade, Margarida?
ResponderEliminarsim, obrigada.
Eliminar:)
caraças, estou comovidíssimo, Margarida. não sei como é que consegues, mas todos estes contos revelam não só grande firmeza da mão que escreve, mas uma espantosa capacidade de criar parábolas que assentam com grande justeza nas pessoas a quem os contos são dirigidos. neste caso em particular, sinto-o em maior grau, porque me revejo de tantas maneiras no que escreves (até, digo-te em segredo para ninguém ouvir, numa tristeza quase impossível de dizer, e que ilumina a noite como a poeira cósmica da cauda de um cometa).
ResponderEliminartenho até pudor de publicar o conto que escrevi, que não passa de um exercício, e ao pé deste é um exercício diletante. mas regras são regras, e vou já para lá.
:)
Eliminarobrigada.
"A primeira noite de amor e um poema que eu sabia de cor sussurrado ao teu ouvido."
ResponderEliminarEu vou "roubar" esta frase. looooooool
Quanto ao resto, estou com o João: no more words needed.
estas coisas não se dizem, fazem-se e pronto. :)
Eliminarqual é o teu poema?
O Miguel merece. É um homem encantador. Está muito bonito.
ResponderEliminarbeijinho.
merece, sim.
Eliminarobrigada.
bjs.
Divinal :D
ResponderEliminarBeijinhos
:) obrigada.
Eliminarbjs.
Muito bom.
ResponderEliminarÉ por estes exemplos, que os blogs nos transportam nas azas da escrita.
São um bom pedaço de nós.
1 blog PALAVRAS DO MAR
http://diogo-mar.blogspot.com/
2 A MINHA MANTINHA
http://diogo7mar.blogspot.pt/
blogs diferentes, mas com a mesma paixão, a escrita.
obrigada.
Eliminardepois irei passar pelos teus blogues.
Bem! Mais um certeiro... e este também é para juntar ao outros, verdade?
ResponderEliminarsim, claro :)
Eliminarobrigada.
depois envio.
Fantástica. De uma sensibilidade que me deixa sempre sem palavras.
ResponderEliminarobrigada.
Eliminaraproveiro para indicar o link do conto do Miguel.
http://innersmile.livejournal.com/931778.html
e se escrevo assim, muito devo a ele :)
Estou arrepiado.Lindo e tão bem escrito. Andas inspirada :)
ResponderEliminarBjs.
obrigada.
Eliminarsão fases :)
Adorei conhecer mais do Miguel através das tuas palavras - ainda que "ficcionais". Lindo conto!
ResponderEliminarobrigada :)
EliminarMuito lindo mesmo! Parabéns! ^^
ResponderEliminarobrigada.
Eliminarbjs.